Quando eu estiver parecendo
não me importar, perceba que estou me acostumando. Vivo sem muitas
coisas, convivo com muitas faltas e despedidas. Resultado: estou me
acostumando. Mas você não pode chegar, arrombar a porta, estufar o peito
e dizer com a voz amarga de alguém injustiçado que eu esqueci. Você não
pode me apontar dedo algum, pois eu já senti tapas demais das mesmas
mãos. Não invada a minha vida quando eu estiver já na etapa de
conformismo da sua ausência e sumiço. Enquanto for andar no mundo afora,
leve algumas música que ouço, uns livros que leio, uma ou outra receita
de um doce que eu goste. Guarde consigo as minhas manias e me deixe ser
um belo porta-retrato na sua sala. Mas não brinque de balanço ou ioiô,
não brinque de testar a minha mágoa. Me leve, mas não me traga de volta.
Não traga você também. Eu estou me acostumando.
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